31 dezembro, 2023

FRIO AO SOL

A sua ausência me diz que estou sozinho
No meio da multidão
O silêncio me faz sentir perdido,
Com os pés altos do chão

(Ela) me deixou deslocado, sem motivos, oh!


Passando na rua, cruzou comigo
No seu olhar vi um esnobe sorriso
Refletindo o sol da era glacial,
Fez meu coração de aço, sentimental!

(Ela) me deixou deslocado, sem motivos, oh!

Posso seguir a sua sombra,
Que acinzentou o meu caminho
Talvez a única regra desse jogo
Seja descobrir o que você realmente quer de mim!
                
(Ela) me deixou deslocado,
Sem motivos, sozinho e perdido!
(Ela) me deixou deslocado,
Sem motivos, sozinho e perdido! 



29 dezembro, 2023

FANTASIAS

Um jovem, um dia, pensou que poderia
Admirar flores e botões
Os cravos ignorou, o seu olhar embotou
Como que por lance de uma trave
 
Contudo, fazia, como que por ironia,
Parte do jardim, um de seus florões
E aprendeu com maestria a fingir, todavia,
Que seu pranto é choro de alegria


A consciência, talvez, o faça esquecer,
Mas tem a certeza de que prefere ser sóbrio
Um sonho raro, talvez, tenha algo a dizer
A voz da razão vinda de um mundo de fantasias
 
Muitos de lá o cercam, ele não tem certezas
Ou seguranças, apenas desconfianças...
 
Ele esforça-se para lembrar
Algo importante que antes não percebeu:
Um sobressalto o surpreendeu,
Um sonho raro que n’um instante se perdeu

              
 
Ele esforça-se para lembrar
Algo importante que antes não percebeu:
Um sobressalto o surpreendeu,
Um sonho raro que n’um instante se perdeu!
Um sonho raro em um instante se perdeu!




28 dezembro, 2023

BEIRA-MAR

 Da Beira-mar, os pescadores foram todos levados ao fundo do mar

Foram levados ou foram sozinhos ao fundo do mar

Braços e pernas formando estrelas em meio às ondas mar

Muitas estrelas colorindo o verde azulado mar

Sei que vêm da região central do Brasil,

Sei que lá não tem mar,

Mas vêm de lá as ondas do mar... beira-mar


Da Beira-mar, os pescadores foram todos levados ao fundo do mar

Foram levados ou foram sozinhos ao fundo do mar

Braços e pernas formando em meio às ondas mar

Muitas estrelas colorindo o verde azul lá do mar

Sei que vêm da região central do Brasil,

Sei que lá não tem mar,

Mas vêm de lá as ondas do mar...


 Estive procurando palavras, agora imersas nesse mar de brisa

E me surgiram assim tão frias, nem tanto quanto o seu beijo fugidio

Estive em busca do silêncio que sempre esteve com você e comigo

Avistei-o distante ocupando espaços vazios em tantos corações!


A ideia acústica do seu olhar me diz muito mais, efêmera ilusão!

A ideia acústica do seu olhar, ambíguos sentidos, gelado coração!

A ideia acústica do seu olhar, lembrança insistente, perene solidão!

A ideia acústica do seu olhar, ambíguos sentidos, gelado coração!

Na beira-mar!





24 dezembro, 2023

Feliz Natal, boas festas!

A todas as pessoas maravilhosas que tanto têm me inspirado e apoiado! Feliz Natal, gratidão e grande abraço!




A CHUVA CAI

 

A chuva cai, você não vem

Eu esperei tanto que ela lhe trouxesse, mas

Foi tudo em vão

 

As águas descem pelas ruas

E com elas barquinhos de papel

Navegando nas águas periódicas

N'um mar de ilusões

 

Garotos jogam bola, a chuva ainda cai

Então você não vem

Talvez você não queira vir

Talvez ela não a queira trazer... porque ela parou...

 

Ainda posso ouvir trovões distantes

Que soam abafados pelo tempo

No entanto, no momento

Nada me chama atenção... só você!

 

E aqui eu vou ficar esperando mais uma vez

Trancafiado neste quarto

Acreditando que no próximo sereno

Naquele barquinho pequeno

 

Você virá me encontrar!

Você virá me encontrar!

Você virá me encontrar!

Você virá me encontrar!



17 dezembro, 2023

NAS TRILHAS DAS MATAS

Pássaros exóticos voando

Encantam o mundo a beleza e o voar

Fazem seus ninhos nos galhos mais altos

Espantam-se com o observador,

Se mudam, se calam se precisar

 

Nas trilhas das matas fomos marchando

Um brilho curioso nos aquece o coração

Uma visão que nos vem providenciada

Provando que o belo

É somente em raros momentos que se vê,

Somente para se ver

 



07 dezembro, 2023

MEIO DA RUA CURVA

Eu via a rua sem movimento              
A solidão vinha a contento
Contudo o vento, que seria alento
Lentos lamentos quis soprar
Eu via o muro e portas no muro
Era tão puro o obscuro caminhar
Que aquelas plantas, árvores cegas
Alegravam-se ao meu passar

Tranquilidade, carinho oculto
Sem culpa, sem perdão
Mesmo sozinho, nada de mais...
Afetaria a escuridão

Eu via a rua sem movimento
Soprava o vento os seus lamentos sem cessar

Sem cessar, sem passar, sem passar o tempo

Sem cessar, sem passar, sem parar o tempo

🎧 ♫ ♪ 🎝 ♫





05 dezembro, 2023

ORQUÍDEA



                                                                                 

Orquídea

Orquídea do campo, brotaste da terra

E nasceu teu corpo verde

Da terra, que é escura

De onde vem a tua verde cobertura?

E tuas flores multicor, de onde provêm?

 

Percorri as trilhas verdejantes

E te vi de longe

Quis e ter contigo,

Mas não estás ao meu alcance

És uma real miragem

Porque te vejo sempre em horizonte

Estás ao sol, e a brisa te é

Por companhia constante

Estás distante, estás distante!

 

N’um momento de contemplação natural

Sinto o bem, não existe o mal...

Com poder foi feita toda a criação

O ser complexo, o embrião

 

Do pó surgem agradáveis perfumes -

Orquídeas e lírios do campo;

Lindas paisagens, de formas de vida um sem fim

Do pó nascem árvores que dão frutos

Bons para mantimento do homem,

Que também veio do mesmo lugar

Do pó os pés e o lagar...

 

Orquídea...

Orquídea...

Minha vida és, a busca infinita,

Porque te tenho a ti e me tens a mim,

Ó renovo de minha vida!

Ó renovo de minha vida!

 





03 dezembro, 2023

LUZ TUA


 

Luz tua que me bateu, constantemente me atingiu

Luz tua, que era quente e se converteu

Em lua congelada, rapidamente consignada

Em sombra projetada no meu planeta

Que produz sombras de luz!

Que produz sombras de luz!

Que produz sombras!

 

Luz do mundo os templos abateu,

Seus fundamentos atingiu

Átrios suntuosos, tudo ruiu e se converteu

Em pedra amontoada, rapidamente consignada

Em sombra projetada neste deserto

Que produz sombras de luz!

Que produz sombras de luz!

Que produz sombras!



 

30 novembro, 2023

O LAGO



O sonhador, parado em uma encosta – como se fosse quase no topo de um planalto, mas ao mesmo tempo não muito longe do chão –, direcionou o olhar abaixo e para trás de si e viu um grande e profundo lago de águas cristalinas. Ficou muito admirado, a estranhar o objeto de sua observação: a água daquele lago estendia-se para cima da altura que deveria ter o seu nível, quase chegando ao ponto onde o observador se encontrava, sem que se espalhasse nem tampouco escorresse para nenhum lado, assim como uma gelatina fora da forma que a deu forma.  Fitando fixa e atentamente a imagem supra, mas que em relação ao ponto de observação era ligeiramente inferior, o homem, como a aperceber-se n’um transe, ficou perplexo!

Contudo, as estranhezas continuariam a surgir! Ao olhar à parte direita do lago, cristalino que era, o cismador pensou ter visto dento d’água, em pé no solo altamente submerso, dois homens interagindo entre si. Eles o notaram, encararam-no por alguns instantes, mas logo puseram-se a correr em direção a uma enorme parede de pedra, à semelhança de uma esquina, de modo que saíram do campo de visão observável.

Depois dessas coisas, outra cena se apresentou diante dos olhos do concentrado espectador, cena esta também submersa: um senhor idoso caminhava naturalmente (a semelhança dos outros dois), aparentemente desolado, com o olhar perdido ou indeciso, a fumar um charuto. Não se deu conta de que era assistido do “mundo superior”, nem sequer olhou naquela direção.

Em seguida, o sonhador viu um quarto homem, desta vez com a água até a cintura, saindo em direção à praia deserta que encerrava a parte da água vertical. Ele estava vindo de dentro do lago a empurrar uma bicicleta, era conhecido de longa data do homem que o observava, o qual o interrogou: “Você viu como esta água está alta?” – “Sim, mas não fui só eu quem fez isso!” – respondeu o ciclista.

28 novembro, 2023

AUTORRETRATO

N’um grande salão

Em exposição

Tantas telas,

Peças raras

 

Cada cidadão

Olha a composição

Todavia não vê

O que está às claras

 

O teu autorretrato

Estava meio apagado

Eu quis redesenhar-te,

Ressignificar-te

 

Mas quem sou eu

Para querer mudar

A forma que tu assumes

Quando longe de mim estás?


Eu sou maré

Que se expande e se retrai

Eu sou alguém que nem tu,

Que és fiel e também trais...


AUTORRETRATO 👩 ♫ 🎝 ♫ 🎝

Composição, voz e violões: Tony Sales

Produção audiovisual: Rafael Brandão 

         Local de gravação: Parada/Taíba – SGA/CE        

27 novembro, 2023

A MESMA LUZ

 

A mesma luz

Que aquece o ar arrefece

Que ilumina o breu culmina

Que envaidece o ser envelhece

Que ensina o mal combina

 

A mesma fogueira

Que reúne se espalha impune

Que brilha o assoalho faz o borralho

Que assa a batata logo a despedaça

Que o escuro tinge o espaço atinge

 

Milhões de partículas de fuligem

Flutuando, os insetos atentam

Qual chuva de verão de origem

Asas de mariposas as alimentam

 

Azar da natureza que abriga

O horror da natureza humana

Que queima da terra a barriga

O odor de uma ação insana!


Fótons 💥💥💥♫♫♫




Composição, voz e violão: Tony Sales
Produção audiovisual: Rafael Brandão
Local: Área verde - Parada, São Gonçalo do Amarante - CE

26 novembro, 2023

O AR EM MOVIMENTO

 

Jardim Botânico SGA/CE. Vídeo: Tony Sales.

O Vento houve-se havendo em existência similar à dos seres pensantes... à crise que afeta de tais seres uma parcela. Percebeu-se a sentir. Descrevendo-se a si, delineia os caminhos que percorre. Entende-se como sendo o algo que passa e é levado por ele mesmo, tal qual o éter que move e mantém a tudo no espaço, invisível.

Está presente e não é visto, fazendo-se perceber por meio de uivos e assovios, de sopros, ora suaves, ora tremendos! Quando calmo é brisa, quando agitado faz-se incontrolável a errar a esmo ou a girar em torno de um eixo, a traçar rotas imprecisas...; entregue à própria sorte, chora, esvoaça e grita, para a desventura das árvores frágeis, ressequidas, de galhos envergáveis, quebradiças!

Ao passar pelos prados e campos, como em ritual reverência, deitam do capim ao arbusto – “que susto!”; pelos centros urbanos, visão de assombro: vidraças, vitrines, para-brisas, espelhos viram açúcar de confeiteiro, cobertura de coco no asfalto brigadeiro.

O Vento, ainda assim, aparentemente, acode ao senso comum que defende o direito de ser como é; mais que isso, o dever de poder ser assim mesmo do jeito natural a que veio ao mundo sensível: aparência que não se molda, “um modelo diferentemente igual”, sem forma, a transportar partículas cinza a que se reputa por poeira!

De poeira em poeira, a empurrar a areia, separa os terrenos das águas, ergue morros e os rodeia... Toda a terra é o itinerário deste elemento... Vive de rodeá-la... Sua existência é o seu movimento, indo e vindo, sempre assim, a sorrir ou a “sufrir”: a buscar aonde ir!

                                                            O VENTO 🎝 🎜 💨


Composição, voz e violões: Tony Sales
Produção audiovisual: Rafael Brandão
Vídeo base: Render Forest
Disponível em: www.renderforest.com

A ÁGUA

Lagoa da Prejubaca - SGA/CE

A água, enquanto passa, rega

O canto, enquanto ouvido, é prenda

O regato, enquanto visto, encanta

Na procura dos porquês há venda


Correntezas por córregos já foram

Várias chuvas que sequer se viram

Torrenciais tocam a terra e se douram

Em cataratas, quedas d’água se retiram


Qual grandes chuvas, cachoeiras borbulham

E meu olhar acompanha o aguaceiro,

Como se fora anti-horário o movimento,

A subir do solo em direção ao firmamento!

 

 

Registro de música autoral online, por Tony Sales

Registro de música autoral online, por Tony Sales